O.k. 3º dia de Cloth colection na área de Trondelag. Depois de um 1º dia de truck filling e um 2º de recolha de roupas entre Trondheim e Rora, no 3º dia de manhã fomos recolher mais alguns contentores mais para sul, mais para perto de Trondheim, e fomos descarregar a carrinha ao armazém. No final disto eram 13 horas e fomos à nossa vida, com paragem final em Froya, uma ilha grande mais a sul, no Atlântico Norte. Primeiro parámos numa casa no cimo de um monte à saída de Trondheim, com vista para os fiordes, para a qual se tinha marcado uma visita (andamos a ver se conseguimos mudar de poiso porque quando vamos a Trondheim ficamos 4 dias a morar numa caravana num parque de campismo no meio de nenhures).
Fim da visita eram 14 horas e mal sabíamos quanto tempo demorariamos a chegar a Froya...
No mapa faz-se depressa..uns quantos centímetros e estamos lá..mas a escala às vezes é uma coisa lixada...e então quando não se consegue ver que em vez de uma estrada nos espera uma serpentina de horas...ui ui
Princípio de percurso tudo Ok: saímos de Trondheim (dia bonito de sol e pouco frio com neve a começar a derreter - a Primavera está a chegar!) e apanhámos a E6 (esta estrada dá pra tudo!). Tudo porreirinho, com pouca neve e em menos de 1 hora estavamos na terriola onde temos de virar para Norte e começar a atravessar uma ilha-montanha enorme para chegar às outras ilhas ( são 2 em sequência, sendo a 2ª Froya).
Mal começámos a subir tudo mudou: a estrada boa passou a estrada de curvas e contracurvas apaertadas, neve e gelo no asfalto, vento, frio e por vezes nevão ( Ok isto está bonito está...) A paisagem era linda de morrer, sem dúvida. Pelo meio la fomos parando de vez em quando para bebermos um pouco do nosso chocolate quente/café da caneca Statoil e apreciarmos a vista ( não há cansaço que vença uma paisagem daquelas...faz-nos sentir previlegiados...). Respirar fundo e..aí vai disto!Siga prá frente!
A luz começou a esmorecer e o céu ficou com o azul cinzento típico deste país...e veio a noite. 17 horas e ainda a atravessar a ilha-montanha...Alin és o meu herói! Conduzir neste caminho de cabras de noite e com neve, com uma carrinha antiga, horas a fio..é obra!
18 horas e finalmente...sinais de trânsito e...um guarda!!Iupiiiii! Tínhamos chegado ao fim da ilha e à passagem para a ilha seguinte!:) Pagámos a passagem e entrámos num enorme túnel ("estes gajos sabem de engenharia..."). Túnel vazio, largo e...opá!7 km de túnel e... uma subida de 15º???Bolas!1 km...2Km..("túnel engraçado este...")..xiii qué isto??? Luzes azuis e de repente!....
DESCIDA DE 15º!!!Bolas!Mas que raio de túneis fazem este Noruegueses?Estavamos a passar um túnel subaquático...no meio do Atlântico Norte...boa malha:) 4km..5km..e vuuuuppp!subida de 15º outra vez!6km ...7km... e ah!!!! fim do túnel e menos uma ilha para chegar ao destino final!:)
Depois de mais um túnel assim lá chegámos a Froya:)
Uma ilha no Atlântico Norte..("a quanto estará a água?") Eram 19 horas..tínhamos demorado 5 horas a chegar a Froya...5 horas..à nossa espera estava um longo trabalho de descarregar um contentor marítimo de roupa para dentro da nossa carrinha e depois..mais 5 horas de viagem de noite até Trondheim? Chegavamos lá as nunca antes das 3 da matina...isto se o Alin conseguisse aguentar tudo sem fazer asneira com a carrinha e por-nos a nadar nos fiordes...
Nã..demasiado arriscado sem necessidade...decidimos que:
1º e antes que tudo ambos precisavamos de um belo hot chocolat na Statoil mais próxima para festejar a chegada;
2º acabar o trabalho do contentor
3º tentar arranjar estadia por 1 noite na ilha (parque de campismo ou bangalow) baratucha (o que na Noruega é praticamente uma piada...)
A "cidade" onde temos o contentor fica no lado nordeste da ilha é do tamanho de...uma avelã..mas daquelas bem mingadas...tem 1 coisa de cada: 1 bomba de gasolina, 1 escola, 1 supermercado ..1 tudo completa e pequenina como toda e qualquer terriola norueguesa!
Anyway..na bomba de gasolina da Statoil, enquanto bebiamos a nossa bebidinha quente lá perguntamos se por acaso haveria acomodação lá pela zona. Não havia grande coisa a não ser um parque de campismo lá para longe (leia-se pelo menos 1 hora de caminho). Quando já vinhamos de saída, o rapaz chamou-nos..afinal havia uma vaga num bagalow ali perto.
Lá seguimos o senhor na carrinha. Chegados ao local, o dono (norueguês velhote de olhão azul brilhante e inglês perfeito) mostrou-nos o sítio (um luxo para 2 voluntários cansados e sujos com plasma e tudo!) e..disse-nos o preço....glup! até doeu a alma!!! Já não me lembro quanto foi mas sei que foi muito..até para a Noruega era muito!
Considerando todos os prós e contras e pondo o nosso espírito aventureiro em prática lá decidimos..passar a noite na carrinha...
Fomos fazer o nosso trabalho, o qual despachamos em qualquer coisa como 1 hora e meia (nada mau mesmo!) e zarpámos em busca de um lugar engraçado para estacionar a carripana e ver um pôr-do-sol bonito de frente para o Atlântico Norte. O amigo GPS lá ajudou e instalámo-nos a norte, num sítio onde, se olhássemos em frente no horizonte..nada mais havia entre nós e o Pólo Norte. E aí ficámos a tentar dormir e deixar as horas passar.
Ligámos o rádio e deixámos o aquecimento ligado até termos um ambiente quentinho. Os nossos casacões deram jeito e também o edredon e a almofada que sacámos dos sacos que tinhamos estado a ver no contentor umas horas antes. Ainda tinhamos umas bolachas e as nossas canecas Statoil (afinal não estávamos assim tão mal...).
Não dormi quase nada mas ouvi boa música (aquela rádio Norueguesa de madrugada dava música da minha!). Abria os olhos e tinham passado 10 min...fechava..mais 20....abria..."lá ao fundo vê-se um farol..isto é bonito". De vez em quando la mudava de posição sem querer acordar o meu colega de aventura que entretanto lá tinha conseguido adormecer "é importante que durma..o desgraçado ainda tem um longo caminho de condução pela frente amanhã".
As horas passaram e às 6:30 estavamos a ligar a carrinha e a ir dar uma volta pela ilha!
Fomos até ao ponto mais a Norte: a neve já tinha deixado a ilha graças à proximidade do oceano mas a ventania e a maresia faziam lembrar as praias de Viana! (Ai que saudades!). A paisagem era a que ouvimos falar nos documentários e lemos nos livros: tundra, vegetação baixa e seca, pequenos arbustos e muita rocha, deserto do frio. O vento e a humidade eram tantos que a minha cara congelou quando subimos ao cimo de um pequeno monte para vermos bem todas as pequenas ilhotas e o oceano de ondas picadas e água limpa. Inspira..expira...M A R E S I A! hummmm tãooooooo booooooOOOmmmm:D
Esqueci-me das horas que não dormi e das dores musculares que ganhei por estar toda torcida na carrinha de tanto querer manter a temperatura do corpo...aquilo soube-me pela vida..aquela imagem selvagem..nos confins da Noruega..de frente pró Pólo Norte..no meio de um absoluto silêncio civilizacional..só nós, oceano, vento e tundra.
Mais um grão de areia coleccionado:)
Retomámos caminho rumo a casa com a alma refrescada ao contrário do corpo que já pedia uma banhoca e uma muda de roupa... Lá fomos de sorriso na cara a ver tudo o que a escuridão nos tinha ocultado na vinda da noite anterior: os fiordes, os mais bonitos fiordes que vi desde que cheguei aqui...sem palavras...e sem máquina para imortalizar isto!!!AIIII..a minha querida pentax ainda me ajudou na sua modesta performance..mas a mais bonita fotografia ficará guardada cá dentro, como tantas outras que tenho a sorte de já ter na minha colecção:) Estranho programa este..cansa-nos, desgasta-nos e da-nos disto...doçuras que ficam pró resto da vida!
Por uma vida cheia e não uma vida fácil...aqui fica a minha preferida..a serenidade de um oceano adormecido às 7 da manhã no meio das montanhas a degelar...
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